- Início
- Viver
- Áreas de Intervenção
- Cultura
- Equipamentos Culturais
- Centro Documentação de Ílhavo
- Octávio Lixa Filgueiras
Octávio Lixa Filgueiras
Octávio Lixa Filgueiras
CÓDIGO DE REFERÊNCIA
PT/CDI/OLF
TÍTULO
Octávio Lixa Filgueiras
DATAS
1846 - 1995
NÍVEL DE DESCRIÇÃO
Fundo/Arquivo
DIMENSÃO
25 m.l.
SUPORTE
Papel
PRODUTOR
Octávio Lixa Filgueiras
HISTÓRIA ADMINISTRATIVA
Octávio Lixa Filgueiras, arquiteto de formação, mostrou um claro interesse pela cultura marítima portuguesa.
Nesta área, o seu arquivo pessoal reveste-se da maior importância não só por reunir informação sobre um ilustre perito de arqueologia e etnologia naval, mas também por conter um vasto trabalho dedicado à investigação e à salvaguarda do nosso património naval e marítimo.
Do espólio constam documentos de natureza biblioteconómica e arquivística, salvaguardando-se que estes não constituem a totalidade do legado do arquiteto, mas apenas a parte que se refere à etnologia naval, à museologia e à arqueologia subaquática. Por definição imposta pelo protocolo de depósito, o arquivo chama-se Fundo Especial Professor Arquiteto Octávio Lixa Filgueiras.
Octávio Lixa Filgueiras nasceu a 16 de agosto de 1922 na freguesia da Foz do Douro, no Porto. Concluiu, aos 18 anos, o Curso Geral dos Liceus, e ingressou no Curso Preparatório de Engenharia da Faculdade de Ciências do Porto. Um ano depois mudou de curso e ingressou no curso de Arquitetura da Escola de Belas Artes, onde viria a formar-se arquiteto com uma classificação final de 20 valores após a defesa da tese.
Concorreu para o preenchimento de um lugar de arquiteto do quadro da Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, do Ministério das Obras Públicas, ficando em primeiro lugar. Paralelamente, iniciou a sua investigação na área da arqueologia marítima, com a obtenção de uma bolsa do Instituto de Alta Cultura.
A preocupação de Octávio Lixa Filgueiras prendia-se principalmente com a promoção da cultura e por isso cruzou, sempre que possível, as suas diferentes áreas de interesse no desempenho das suas várias atividades oficiais.
Em 1981, é destacado da Secretaria de Estado da Cultura para o Instituto Nacional de Investigação Científica e de 1985 a 1992 é escolhido para integrar a 1.ª Secção (Arqueologia) do Conselho Consultivo do IPPC.
Octávio Lixa Filgueiras desenvolveu poucos trabalhos como profissional liberal. Ainda assim, os principais projetos particulares a destacar-se são: as estações de “The Anglo-Portuguese Telephone C” (Lapa, Gaia, Boavista, Matosinhos e Foz do Douro), a Caixa Geral de Depósitos de Vila do Conde e o anteprojecto do Museu Etnográfico de Viseu. Lixa Filgueiras também desenhou algumas habitações individuais e estabelecimentos comerciais.
O arquiteto cedo estabeleceu ligação com o movimento associativo dos profissionais da arquitetura, mantendo desde o seu ano de formatura atividade no seio do Sindicato Nacional dos Arquitetos. Octávio Lixa Filgueiras trabalhou como adjunto na Comissão de Normalização do Centro Técnico da Indústria da Madeira (1954); chefiou a equipa da Zona II do Inquérito à Arquitetura Popular em Portugal (1955); foi nomeado membro da Comissão Executiva do II Congresso Nacional dos Arquitetos (1956); colaborou na organização do I Encontro Nacional dos Arquitetos, assumindo o cargo de Tesoureiro da Direção (1957); e foi nomeado 1.º Secretário da Mesa da Assembleia Geral da Secção Regional do Norte do Sindicato Nacional dos Arquitetos (1963).
Em 1958 opta por deixar o seu cargo de arquiteto do Quadro da Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, e inicia a sua carreira na docência tomando posse como 2.º assistente do Curso de Arquitetura na ESBAP. O reconhecimento pelo seu mérito profissional, cultural e intelectual começa a ir além do mundo da arquitetura, quando Lixa Filgueiras começa a afirmar-se na área da investigação naval, fruto do seu trabalho no Centro de Estudos e Etnologia Peninsular. De forma a prosseguir o seu estudo “Manual de etnologia Naval Portuguesa”, pede para ser dispensado do serviço de docência da ESBAP. No entanto, a sua dedicação exclusiva à arqueologia naval portuguesa é posta em causa no seguimento de remodelações político-administrativas. Em abril de 1974, reingressa na atividade de docente, e conforme deliberação do Ministério da Educação Nacional por ser o professor mais antigo, é encarregado da gestão da ESBAP. Mais tarde, na sua qualidade de professor efectivo da ESBAP, transita para a Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto até que, em 1986, aos 64 anos de idade, é equiparado a bolseiro do país para a preparação da tese de doutoramento, que não chegou a concluir.
No ano de 1989, Octávio Lixa Filgueiras ascende a professor catedrático da Faculdade de Arquitetura. Paralelamente, teve também um grande impacto na escola de ensino alternativo da Cooperativa Árvore, chegando mesmo a assumir a presidência da Mesa da Assembleia Geral no final do ano de 1963.
Lixa Filgueiras, iniciou também atividade como rotário em 1959 com uma palestra subordinada ao título “A função social do arquitecto”, no Rotary Club do Porto. É oficialmente reconhecido como rotário, no ano seguinte, em abril, e três meses depois é nomeado responsável pela Comissão de Programas. A partir daí participa em todos os trabalhos das Assembleias do Distrito Rotário. Em julho de 1961, exerce por um ano a cargo de Primeiro Secretário do Rotary Club do Porto e um ano depois passa a exercer a presidência do mesmo club.
Em 1975, participa na formação do novo Rotary Club Porto-Douro mas a crescente sobrecarga das suas responsabilidades oficiais levam-no a formalizar o seu pedido de saída. Apesar da sua saída do Rotary Club Porto-Douro, continuou a manter colaborações esporádicas, voltando a reingressar pelo Rotary Club de Castelo de Paiva, onde volta a assumir a sua participação pelo menos até 1994.
Os primeiros indícios da sua paixão pela etnologia e arqueologia naval despertam no início da sua carreira profissional, aquando do seu trabalho na equipa da Zona II do Inquérito à Arquitetura Popular, com a publicação de uma série de artigos intitulados “Rabões da Esquadra Negra”, no jornal “O Pejão”.
Consciente do estado precário a que era votado o nosso património naval tradicional, Octávio Lixa Filgueiras realizou um levantamento exaustivo de todas as tipologias de embarcações portuguesas, ligando-as à sua atividade e a um estudo dos povos marítimos pesqueiros.
Em janeiro de 1956, foi concedida ao arquiteto uma bolsa do Instituto de Alta Cultura (IAC) pelo Centro de Estudos e Etnologia Peninsular, e é lançado o mote para uma intensa investigação que foi o trabalho de uma vida. Ainda nesse ano, iniciou a sua participação com trabalhos de arqueologia e etnologia naval em numerosos congressos, nomeadamente o XIII Congresso Luso-Espanhol para o Progresso das Ciências; Congresso Internacional de Etnologia e Folclore.
Em 1981, enquanto agregado à Delegação do Porto da Comissão Executiva das Comemorações do V Centenário da Morte do Infante D. Henrique, apresentou uma proposta para a criação de um Museu Naval na Casa do Infante. O arquiteto despertou desta forma o interesse de alguns e no ano seguinte foi convidado a escrever um estudo sobre embarcações regionais portuguesas para a obra ‘A arte popular em Portugal’.
Em 1963, apresentou uma proposta ao Instituto de Alta Cultura para a criação da Secção de Arqueologia e Etnologia Navais, que viria a ser criada em fevereiro do ano seguinte, e à frente da qual Octávio Lixa Filgueiras foi nomeado Diretor.
O Ministro da Marinha deu o seu aval à proposta de colaboração de Octávio Lixa Filgueiras com o Museu da Marinha para programas de investigação de arqueologia naval. Nomeado membro fundador do Grupo de Estudos de História Marítima pelo Ministério da Marinha, em 1969, transitou no ano seguinte para o Centro de Estudos de Marinha, que deu origem à Academia de Marinha a partir de 1978. A personalidade distinta e culturalmente diversificada de Lixa Filgueiras, impeliu o IAC, em 1970, a nomeá-lo membro do seu Conselho de Intercâmbio.
A crescente preocupação com as pilhagens dos despojos navais e com a perda irreparável do nosso património subaquático, levou o arquiteto a promover junto da Marinha a constituição de um Grupo de Trabalho para a Defesa do Património Arqueológico Subaquático. Em janeiro de 1976 foi transferido da Secção de Arqueologia e Etnologia Navais do Centro de Estudos de Etnologia Peninsular para o Centro de História da Universidade do Porto, onde prosseguiu com as suas investigações navais. No mesmo ano participou no I Simpósio Internacional sobre Barcos e Arqueologia Naval em Greenwich. A partir de então participou em todos os outros encontros do referido simpósio, chegando a organizar o 4.º em Portugal em 1985. O reconhecimento pelos seus numerosos trabalhos enquanto perito da investigação naval levaram o chefe de Estado Maior da Armada a agraciá-lo com a medalha Vasco da Gama, em janeiro de 1977.
Em 1976, partiu em missão para Santiago de Compostela, com vista a criar o Grupo de Arqueologia Naval do Noroeste Peninsular (GANNO), com o objetivo de fomentar o intercâmbio luso-galaico relativamente à cultura marítima dos dois povos.
Na qualidade de perito naval, Lixa Filgueiras, integrou vários grupos de trabalho, entre os quais o Grupo de Trabalho Encarregado do Estudo de Recuperação do Lugre Creoula. Em junho de 1981, é destacado da Secretaria de Estado da Cultura para o Centro de História da Faculdade de letras da Universidade do Porto, com o início do processo de integração nos quadros do Instituto Nacional de Investigação Científica (INIC).
A organização de muitos museus nacionais com vocação marítima ou apenas de salas de museus com salas dedicadas à arqueologia e etnologia naval mereceram a colaboração de Octávio Lixa Filgueiras. O arquitecto foi encarregado de diversos projetos de exposição museológica. Organizou a sua arqueologia naval do Museu Santos Rocha da Figueira da Foz e laborou para a concretização da programação do Museu de Transportes e Comunicações. Em 1993 foi nomeado vogal da Comissão encarregada de elaborar o programa do Museu Nacional de Arqueologia. Ainda nesse ano integrou a Comissão Nacional de Arqueologia Naval Subaquática, sendo nomeado vogal do Conselho Técnico Consultivo do Museu Municipal de Olaria de Barcelos. Se, por um lado, Lixa Filgueiras colaborou e foi membro de vários grupos de estudo, por outro lado, foi igualmente fundador de centros de estudos em diversas áreas, sendo o Centro de Estudos Arqueonáutica o que deixou uma marca mais profunda.
Em abril de 1990, assinou o protocolo com a Comissão Nacional dos Descobrimentos para o estudo de uma exposição sobre embarcações tradicionais portuguesas. As suas intervenções nos domínios da investigação naval e da defesa do património marítimo foram muito diversas e abrangentes, desde filmagens de documentários, entrevistas, supervisões de escavações arqueológicas, publicações de estudos e artigos, o arquitecto participou nas mais diversas áreas.
Arquiteto, professor e investigador, a intensidade da sua figura colocou-o na vanguarda cultural do seu tempo. A sua preocupação pelo património naval nacional impeliu-o não só a uma investigação dirigida a uma elite intelectual, mas também a uma maior sensibilização do público em geral, o que o notabilizou como um dos mais acérrimos defensores do património marítimo do século XX.
CONDIÇÕES DE ACESSO
O acesso a estes documentos rege-se pelo Regulamento Arquivístico em vigor.
INSTRUMENTOS DE DESCRIÇÃO
Guia, recenseamento.
DATA DE DESCRIÇÃO
2013
HISTÓRIA CUSTODIAL E ARQUIVÍSTICA
O Fundo Professor Arquiteto Octávio Lixa Filgueiras entrou no Museu Marítimo de Ílhavo (MMI) a 19 de maio de 2007, a título de depósito por um período de 5 anos, tacitamente renováveis por iguais períodos de tempo, caso nenhuma das partes procedesse à respetiva denúncia. No dia 31 de março de 2012, aquando da inauguração do Centro de Investigação e Empreendedorismo – CIEMar-Ílhavo, foi assinado um novo protocolo, onde consta a doação do espólio pertencente ao Professor Arquiteto Octávio Lixa Filgueiras ao MMI, “O Museu Marítimo de Ílhavo recebe, a título de doação, o espólio constituído pela documentação oriunda do arquivo pessoal do Professor Arquiteto Octávio Lixa Filgueiras (…) ”, cláusula segunda.
FONTE IMEDIATA DE AQUISIÇÃO OU TRANSFERÊNCIA
Família OLF.
ÂMBITO E CONTEÚDO
A documentação reflete a atividade do Professor Arquiteto Octávio Lixa Filgueiras enquanto estudante, docente, arquiteto, membro associativista, rotário, e acima de tudo como investigador e defensor da arqueologia e Etnologia Navais.
O arquivo é constituído por correspondência, comunicações, monografias, estudos, fotografias e planos.
SISTEMA DE ORGANIZAÇÃO
Por número de referência.